segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Asfixia em bebês após o parto será tema de campanha.

Pode parecer alarmante, mas é a nossa realidade. Mais uma vez consequência das formações ruins, frutos de uma proliferação indiscriminada e indevida de cursos de medicina, sem qualidade;  além da falta de fiscalização das capacidades profissionais, aliadas as faltas de recursos nos locais de trabalho.

A falta de preparo correto de profissionais de saúde para reanimar bebês que nascem com problemas no sistema respiratório leva o Brasil a um nível "alarmante" de mortes por asfixia logo após o parto: cinco todos os dias.
O dado e a avaliação compõem um estudo realizado pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que analisou mortes de recém-nascidos de todos os Estados brasileiros.
"O número aceitável mundialmente de mortes por asfixia em bebês que nascem no tempo certo e sem nenhuma má-formação é bem próximo de zero", diz a pediatra Ruth Guinsburg, que é livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do estudo.
De acordo com a pesquisa, em 2010 ocorreram 3.758 casos, sendo que 45% ocorreram nas regiões Norte e Nordeste. Isso contando apenas os que nasceram no tempo certo e sem má-formação.

Lydia Megumi/Editoria de Arte/Folhapress
As ocorrências são maiores em hospitais públicos (57%) e fora das capitais (67%). O problema ocorre, segundo os especialistas, por falta de qualificação de profissionais em reanimação de recém-nascidos e ausência de estrutura e medicamentos básicos nas salas de parto.
O procedimento precisa ser feito logo nos primeiros segundos após o parto.
Para chamar a atenção para o problema, a SBP lança, na semana que vem, em seu 36º congresso, em Curitiba (PR), a campanha nacional "Minuto de Ouro".
"Quando o bebê que não respira recebe os cuidados necessários logo no primeiro minuto, a chance de ficar tudo bem é alta", diz a pediatra Maria Fernanda Branco, também coordenadora da pesquisa e professora na Unifesp.
"A cada dez que são reanimados adequadamente, nove irão para o peito da mãe normalmente", afirma ela.
As consequências de um processo de reanimação tardio ou mal sucedido vai de dificuldades no aprendizado a comprometimentos neurológicos graves, diz Ruth.
LEI
A preocupação com as mortes de recém-nascidos por asfixia já chegou ao Ministério da Saúde, que estuda uma maneira de atuar diante do tema.
Em São Paulo, há uma lei estadual, regulamentada neste ano, que torna obrigatória a presença de um profissional habilitado em reanimação nas salas de parto, com carga horária mínima de oito horas de treinamento.
"Não adianta o médico afirmar que fez uma capacitação para reanimação na década de 1990. Os procedimentos são aperfeiçoados de tempos em tempos e é preciso se atualizar", afirma a pediatra Maria Fernanda. 
Fonte: Folha de São Paulo - site da Sociedade  Brasileira de Pediatria. 

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