Pode parecer alarmante, mas é a nossa realidade. Mais uma vez consequência das formações ruins, frutos de uma proliferação indiscriminada e indevida de cursos de medicina, sem qualidade; além da falta de fiscalização das capacidades profissionais, aliadas as faltas de recursos nos locais de trabalho.
A falta de preparo correto de profissionais de saúde para reanimar bebês
que nascem com problemas no sistema respiratório leva o Brasil a um
nível "alarmante" de mortes por asfixia logo após o parto: cinco todos
os dias.
O dado e a avaliação compõem um estudo realizado pela SBP (Sociedade
Brasileira de Pediatria), que analisou mortes de recém-nascidos de todos
os Estados brasileiros.
"O número aceitável mundialmente de mortes por asfixia em bebês que
nascem no tempo certo e sem nenhuma má-formação é bem próximo de zero",
diz a pediatra Ruth Guinsburg, que é livre-docente da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do estudo.
De acordo com a pesquisa, em 2010 ocorreram 3.758 casos, sendo que 45%
ocorreram nas regiões Norte e Nordeste. Isso contando apenas os que
nasceram no tempo certo e sem má-formação.
Lydia Megumi/Editoria de Arte/Folhapress | ||
As ocorrências são maiores em hospitais públicos (57%) e fora das
capitais (67%). O problema ocorre, segundo os especialistas, por falta
de qualificação de profissionais em reanimação de recém-nascidos e
ausência de estrutura e medicamentos básicos nas salas de parto.
O procedimento precisa ser feito logo nos primeiros segundos após o parto.
Para chamar a atenção para o problema, a SBP lança, na semana que vem,
em seu 36º congresso, em Curitiba (PR), a campanha nacional "Minuto de
Ouro".
"Quando o bebê que não respira recebe os cuidados necessários logo no
primeiro minuto, a chance de ficar tudo bem é alta", diz a pediatra
Maria Fernanda Branco, também coordenadora da pesquisa e professora na
Unifesp.
"A cada dez que são reanimados adequadamente, nove irão para o peito da mãe normalmente", afirma ela.
As consequências de um processo de reanimação tardio ou mal sucedido vai
de dificuldades no aprendizado a comprometimentos neurológicos graves,
diz Ruth.
LEI
A preocupação com as mortes de recém-nascidos por asfixia já chegou ao
Ministério da Saúde, que estuda uma maneira de atuar diante do tema.
Em São Paulo, há uma lei estadual, regulamentada neste ano, que torna
obrigatória a presença de um profissional habilitado em reanimação nas
salas de parto, com carga horária mínima de oito horas de treinamento.
"Não adianta o médico afirmar que fez uma capacitação para reanimação na
década de 1990. Os procedimentos são aperfeiçoados de tempos em tempos e
é preciso se atualizar", afirma a pediatra Maria Fernanda.
Fonte: Folha de São Paulo - site da Sociedade Brasileira de Pediatria.
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