UM "GOLPE DE MARKETING" NEGATIVO (por Cláudio Prates)
Relutei em manifestar-me, publicamente, sobre esta polêmica envolvendo a
improvável contratação, pelo time do Montes Claros Futebol Clube, o
chamado “bicho”, do goleiro Bruno, condenado a 22 anos de reclusão, em
regime fechado, por crime hediondo triplamente qualificado, como
mandante da morte de Elisa Samúdio.
Porém, na condição de
representante da população da cidade de Montes Claros, terra em que
nasci, que amo e que sonho (e luto) para que se torne um lugar melhor
pra se viver, não posso me furtar a dizer o que penso.
Criei um
grupo na rede social chamado “Montes Claros: Aqui eu moro, aqui eu
cuido”, que sintetiza, bem, a minha intenção sincera (e sei que é também
a daqueles verdadeiramente “apaixonados” por Montes Claros), que não é
outra coisa senão a intenção de cuidar e zelar pela cidade, pelo seu
nome e seu povo. É por esta razão que venho aqui externar a minha
indignação diante da repercussão – negativa, prejudicial e descabida –
que sofre a cidade de Montes Claros, em nome de uma equivocada e
estúpida estratégia de “Marketing”, a qual, julga seus idealizadores (a
diretoria do Montes Claros Futebol Clube), ser um “golpe de mestre, de
gênio”, que projetará, como já está projetando o time e a cidade –
pensam eles, em um lapso equivocado de insensatez e usura - e quem sabe,
atrairá patrocínios e fama ao time.
Ledo engano! Será que alguém,
em sã consciência, além da mal intencionada diretoria do time, acredita
que este desatino, esta palhaçada fará bem à equipe de futebol e à
cidade de Montes Claros? O tempo dirá o quanto esta “genial ideia” é
infeliz! Melhor, já está dizendo, através da publicidade vexatória e
negativa, que jogou o nome da cidade, mais uma vez, na mídia nacional,
pejorativamente.
Partindo da premissa de que “quem ama cuida”,
Jesus Cristo fez uma comparação interessante, entre o “Bom Pastor” que
cuida e ama suas ovelhas e o “Mercenário”, que só quer matar, roubar e
destruir. Estamos diante de um caso que esta parábola bem se aplica. O
mercenário, já sabemos quem é e sua intenção (ou a inconseqüência dela)?
Matar e destruir o já desgastado nome da cidade de Montes Claros, à
custa de um desatino desmedido.
É assim que vejo esta estratégia de
"Marketing Negativo" da diretoria do Montes Claros Futebol Clube, o
qual, bem que poderia trocar o nome do time para Mercenário Futebol
Clube, já que é em nome do dinheiro que se sonha arrecadar com esta
insensatez, passa em cima da ética, da moral, da Justiça e de toda uma
cidade. Esta ideia, com certeza, não é de alguém que ama Montes Claros, e
isto pra mim está muito claro. Repito: “quem ama, cuida”.
O que a
maioria das pessoas não sabe, mas que o diretor do Montes Claros Futebol
tem certeza, e eu também estou convicto disso, é que a chance do (ex)
goleiro condenado Bruno vir a jogar em Montes Claros é praticamente
nenhuma. Mas para a diretoria do time, isso é o menos importa. A mesma
já atingiu o seu intuito mal intencionado. Projetou, negativamente, o
nome de Montes Claros em todo país, causando indignação em todos e
fazendo a cidade, mais uma vez, ser objeto de chacota, gozação, zombaria
e projeção negativa. Atitude irresponsável e inconseqüente, que
demonstra total desprezo da direção do time pela cidade de Montes Claros
e pelo seu povo.
Antes que me ataquem, dizendo que todos tem
direito a errar e merecem uma nova oportunidade, saibam que poucos tem
isso tão claro e luta pelos direitos dos apenados quanto eu, que durante
muito tempo atuei, e ainda sou parceiro da Pastoral Carcerária, e
defendo políticas públicas dignas aos presos e suas famílias. Vide o
Programa “Regresso”, do Instituto Minas Pela Paz, para a reinserção de
apenados e egressos do sistema prisional no mercado de trabalho, do qual
sou parceiro e divulgador.
De fato, todo preso tem direito e merece
trabalhar, seja dentro da instituição prisional onde cumpre a pena ou
fora do presídio, quando se trata do regime semi-aberto, o que é o caso
de alguns condenados que progrediram de regime ou foram sentenciados no
semi-aberto, caso que inclui até alguns “mensaleiros”, mas não é,
absolutamente, o caso do goleiro sentenciado Bruno, condenado a 22 de
RECLUSÃO e que só terá tal regalia (regime semi-aberto), por força da
sentença que o condenou, em 2022.
Logo, pensar e defender um
privilégio diferente do previsto na Lei, e criar este circo que a
diretoria do Montes Claros Futebol Clube está fazendo, onde os palhaços
somos todos nós, é zombar da Justiça, dos familiares da vítima Elisa e
de tantas outras vítimas de crimes hediondos, dos demais condenados que
cumprem pena e aguardam a progressão de regime, das mulheres vítimas de
crimes passionais e/ou da violência de gênero e de toda a sociedade
montesclarense.
Um ato deste é um atentado à sociedade, um recado
claro aos criminosos, sobretudo os famosos e/ou abastados: “A impunidade
ainda haverá de reinar, livre, leve e solta, em nosso meio, com a
conivência da cidade de Montes Claros e do time que leva seu nome”.
Finalizo, dizendo que o “golpe NEGATIVO de markenting” do time do Montes
Claros Futebol Clube já começou a surtir efeito, às avessas: eu, que no
ano passado votei (fui o voto decisivo) em um Projeto apresentado à
Câmara Municipal, que ajudava o Time do Montes Claros Futebol Clube a
disputar o campeonato mineiro da segunda divisão, por acreditar nos
projetos sociais com crianças e adolescentes que alegavam defender, a
partir desta farsa, votarei contrário a todo e qualquer projeto que se
diga respeito ao Mercenário Futebol Clube. Afinal, como dizia Roche
foucaud: “Compactuar com o mal é a mesma coisa de praticá-lo”. To fora!
fonte: facebook
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