sábado, 7 de fevereiro de 2015

Violência. A doença mais fatal e cruel.

Ontem estive presente em mais um velório de um amigo de infância. Daqueles que a gente conviveu pouco nos últimos anos, afastados pelas rotinas diferentes de nossas profissões, mas que sempre encontrava e os cumprimentos eram sinceros, trazidos de uma época de respeito e honestidade, quando até as brigas eram saudáveis. 

Daí, até mesmo por ser médico, fiquei lá meditando, no modo em que ele morreu, depois de cumprir todo o seu dever como Policial Militar. Já podia ter se aposentado, há mais de um ano atrás. Ficou por amor a profissão e à música, na Banda do 3º BPM, de Diamantina. Mas teve ontem, sua vida ceifada em um acidente de trânsito, viajando pra Curvelo, num trajeto que consideramos passeio. 

E assim, inúmeras doenças e casos clínicos de pacientes passaram em minha cabeça, analisando inclusive as consideradas mais graves e fatais. E nenhuma me convenceu mais, que nos dias de hoje, e há tempos, a violência é sem dúvida, o maior risco que corremos de perder a vida de repente. 

E o maior agente etiológico, desse tipo de morte, somos nós mesmos, os ditos seres humanos. Esse que bebe e dirige; que não respeita as leis e sinalizações de trânsito; que se inerva pelos mínimos detalhes; que mata por uma simples torcida de futebol diferente e que agoniza em guerras absurdas por poderes e diferenças religiosas.  


Sem contar no estresse que vivemos em nosso país, com a violência urbana e números impressionantes de assaltos, latrocínios, estupros e assassinatos. Somos mortos pelos nossos semelhantes, que já não nos dão mais  nenhuma chance, de simplesmente entregarmos o carro, a carteira, o celular ou um simples tênis. E amparados por uma justiça lenta, por leis ridículas  e por uma presidAnta que se importa mais com um traficante condenado a morte num país distante, do que com mais de 500 policiais mortos no Brasil em 2014 ou com os incontáveis brasileiros assassinados nas  rotinas de suas vidas.



E assim, vou tentando me prevenir com leituras, muros, cercas elétricas, cães nervosos nos quintais, arma na cabeceira da cama e uma insônia causada pelo estresse da rotina diária, associado a um sono leve, onde o mais ínfimo barulho suspeito, me tira da cama, com o dedo no gatilho.  

Afinal, se temos um semelhante assassino e frio que não nos dá uma segunda chance, temos que estar preparados pro primeiro risco. 

Vai entender ... 


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