domingo, 5 de novembro de 2017

PERFUME NA MERDA.



PERFUME NA MERDA. Texto: Marcelo Rates Quaranta. 

Eu quero agradecer, em meu nome e em nome de todas as pessoas comuns, cidadãos simples do meu país como eu, pelas últimas decisões tomadas pelo nosso Egrégio Supremo Tribunal Federal.

Sim, o Supremo fez de nós pessoas melhores do que pensávamos ser. 

Quando olhávamos aqueles Ministros sob suas togas, com passos lentos e decididos, altivos, queixos erguidos, vozes impostadas ditando verdades absolutas e supremas, envoltos numa aura de extrema importância e autoridade, nos sentíamos pequenos, minguados e reles plebeus diante de uma Corte que beirava o sublime, o inatingível e o intangível.

Com essas decisões o Supremo conseguiu fazer com que a minha percepção sobre mim e sobre nós mudasse. Eles não são deuses. São pessoas tão pequenas e tão venais, que qualquer comparação que eu .faça de mim e de nós em relação a eles, seria desqualificar-nos a um nível abissal. Tudo aquilo é fantasia, tudo aquilo é pose e tudo aquilo não passa de um teatro, mas nós somos reais.

Foi aí que eu vi o quanto somos mais importantes que eles! Enquanto as divindades supremas encarnam seus personagens de retidão e lisura, mas com suas decisões abduzem a moral e destroem o país (e de quebra a reputação do Judiciário), nós brasileiros comuns e sem toga trabalhamos arduamente dia e noite para construir o país, ou pelo menos para minimizar os danos que eles provocam. 

Então... Como é que um dia eu pude vê-los como sendo superiores a nós? Eu estava enganado. Nós somos muito superiores a eles, mesmo sendo zés, joãos, marias, desde o pequeno ambulante ao médico ou engenheiro. Nós somos as verdadeiras autoridades, porque nossa autoridade não foi conferida por um político malandro capaz de tudo com uma caneta. Nossa autoridade nos foi dada pela nossa força de continuar tentando fazer um Brasil melhor.

Fico sinceramente com pena é dos advogados, que são obrigados a chamar esses ministros de Excelência, ainda que com a certeza de que não há excelência alguma nos serviços que eles estão prestando à nação, mas excrescências Acho que deve ser o mesmo sentimento de ser obrigado a chamar o cachorro do rei de "milord".

Agora eu sei o quanto somos bem maiores que eles, mesmo sem aquelas expressões em latim e doutrinas rebuscadas cheias de pompas e circunstâncias, que com toda máxima "data venia" no final significam apenas passar perfume em merda.
  
Se há alguém realmente importante no Brasil, esse é o Excelentíssimo Povo Brasileiro, que apesar de tudo é obrigado a sentir o mau cheiro que vem da grande Corte, e mesmo com náuseas e ânsia de vômito, tem que acordar as 5 da manhã pra fazer aquilo que eles não fazem: Produzir os impostos para pagar o mais caros salarios e os adicionais como ajudas de custos, verbas de gabinetes/ indenizatorias e os agregados e polpudos auxilios funcionais. (paletó, educação, moradia, viagens, combustível , veiculo, celular, vinho, petshop, canil, periquita e sogra) 
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Obrigado, Supremo, por nos mostrar que hoje o rei sou eu e o meu povo, porque nao estou encastelado na ilha de Sta. Helena, podemos andar pelas ruas com liberdade e cabeça erguida sem temor de levar tomates e ovos dos súditos.

Marcelo Rates Quaranta é músico, escritor e piloto de linha aéra. 

1º Ita Moto-Show - 2017

Realizado nos dias 03 e 04 em Santo Antônio do Itambé, MG, o primeiro evento motociclístico movimentou a cidade.

Como é de costume, motociclistas de diversas cidades e estados responderam ao chamado dos organizadores, o amigo Nelinho e a sua esposa Kelly. Eles deram o ponta-pé inicial e apoiados pela prefeitura municipal, patrocinadores e amigos, fizeram o evento marcar o fim de semana de modo diferente na cidade das águas como é conhecida, devido às inúmeras cachoeiras locais. 
É também em Santo Antônio do Itambé que está o Parque Estadual do Itambé, cujo Pico do Itambé é a atração principal para quem quer encarar uma caminhada difícil até o seu topo a 2052 metros de altitude. 

Todas as pousadas tiveram lotação máxima, além das áreas de camping, dezenove casas alugadas e outras famílias fazendo o receptivo familiar. Claro, também o movimento em bares e restaurantes foi intenso nos dias do evento. 

A receptividade local e a confraternização entre os motociclistas e a população foi o marco da festa. Fomos bem recebidos, atendidos e servidos  sem a normal exploração financeira de muitas cidades em relação aos turistas. Tudo muito bom e no preço justo. 

Os shows aconteceram também com muita vibração com destaque mais uma vez ao artista J. Peron, que já é um marco nos eventos com o seu show cover do Raul Seixas. 

Agradecimento especial ao casal Sr Antônio Augusto e Sra Angélica que nos recepcionaram de forma calorosa na residência da família onde batemos altos papos e com certeza voltamos deixando novos e verdadeiros amigos.   

E pra população da cidade que nos confessaram a ansiedade e até certa insegurança em relação ao evento motociclístico, tenho certeza que o que ficou foi a sensação de que esses homens e mulheres de preto, sujos de estrada deixaram na lembrança o espírito do verdadeiro motociclista. 


















Com o artista J. Peron à paisana. 







Trailer do Sr Bolivar. Sempre uma atração com boas músicas e um astral de loucura.













segunda-feira, 30 de outubro de 2017

1º Desafio de M. Bike - Itamarandiba - 2017

 1° Desafio de MTB Itamarandiba-Mg


CAFÉ DA MANHÃ: 08:00
☕🍞🍌🍉🍎🍣🍌🍏

SAÍDA: 9:00

ALMOÇO A PARTIR 12:30

Música ao vivo:

Percurso único: 30 km
Com premiação do
1° ao 3° 🏆🏆🏆
Divido em várias categorias

Medalhas para os 200 primeiros

APOIO (hidratação)
FIXO + VOLANTE + AMBULÂNCIA
💧🚑💧🏍💦🚓💧🚙

LOCAL :
Arena e Parque de Exposições

👕Camisa do evento para os primeiros 100 ciclistas inscritos

INSCRIÇÕES:🏦

Claudiney Frederico Oliveira
Banco Brasil 001
Ag:  2160-1
C/p: 15582-9

VALOR: R$ 30,00
Mais um quilo de arroz ou feijão

Comprovante e mais informações
📱38 99892-1808
☎ 38 3521-1808

REALIZAÇÃO
Cicloclub de Itamarandiba-Mg
 38 9892-1808:

 CATEGORIAS

Geral Masculino 🏆🏆🏆
Masculino até 26 🏆🏆🏆
Masculino 27 a 36 🏆🏆🏆
Masculino 37 a 49 🏆🏆🏆
Masculino Acima 50🏆🏆🏆

Geral Feminino 🏆🏆🏆
Feminino até 26 🏆🏆🏆
Feminino 27 a 39🏆🏆🏆
Feminino Acima 40 🏆🏆🏆

Masculino Local 🏆
Feminino Local 🏆

Medalha pros 200 primeiros

* Será olhado a idade completa de cada participante

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Copa Dimantina de Motocross -2017 - Diamantina- MG

Vem aí mais uma etapa em Diamantina, na pista da Churrascaria Pau de Frutas. 
A pista além de bacana e técnica, permite que o público visualize todo o trajeto e curta todos os pegas e saltos. Vale a pena prestigiar. 


terça-feira, 3 de outubro de 2017

"O mito da saúde de graça."


Texto: Guilherme Spadini Psiquiatra e psicoterapeuta formado pela USP

Há poucos meses, eu era o psiquiatra de plantão em um pronto-socorro do SUS, quando chegou uma paciente desmaiada. O marido, transtornado e furioso, frustrava minhas esperanças de uma conversa esclarecedora. Bufava e murmurava, mas pouco se fazia entender. Estava indignado. Aos poucos, percebi que ele proferia ameaças: "Se eu cruzo com esse médico na rua, eu dava um tiro".

O que acontecera é que a senhora desmaiada fazia tratamento psiquiátrico e estava afastada do trabalho há cerca de dois anos. Vinha melhorando, com uso de medicação e psicoterapia, tudo pelo SUS. Naquele dia, porém, tinha tido perícia no INSS. Resultado: o médico perito - era ele o alvo das ameaças - notando a melhora, negou a prorrogação da licença. A paciente chegou em casa já com uma crise de pânico. Chorou, mal conseguia falar, ficou confusa e agitada, "virou os olhos" e desmaiou.

O leitor apressado pode inferir que eu estou prestes a ofender a paciente, atribuindo a ela alguma falha de caráter. Mas, não, de modo algum. Aquela paciente estava em intenso e genuíno sofrimento. Sua reação foi típica, e muito humana. Vejamos: uma senhora de mais de cinquenta anos, com baixo nível educacional e problemas psiquiátricos; quais suas reais perspectivas de ter uma experiência de trabalho saudável e recompensadora? Em um mundo ideal, nada disso precisaria impedi-la de se sentir realizada, é claro. Mas, na dura realidade brasileira, as condições de trabalho, de salário e de crescimento pessoal disponíveis para ela são risíveis. Ter de voltar a trabalhar equivale a uma condenação.

É uma questão de incentivos. Todos nós fazemos escolhas tentando ganhar o máximo possível, com base nas melhores informações disponíveis (que, normalmente, são bem ruins). "Ganhar o máximo possível" não significa só ganhar dinheiro, mas também qualidade de vida, afeto, reconhecimento social, tranqüilidade, alívio de culpa, satisfação pessoal. Tudo isso entra em conta quando consideramos diferentes opções, e escolhemos a que nos parece mais atraente.

Essa escolha raramente é consciente. Como no caso dessa paciente, que não estava fingindo, nem sendo preguiçosa. Ela apenas reagiu de forma racional. Trabalhar dá trabalho. Se o ganho total de voltar a trabalhar é muito inferior ao de continuar no INSS, a decisão mais racional é continuar doente. Há algo de perverso nesse mecanismo. Mas não é o médico perito o perverso, como queria o marido. Muito menos a paciente.

Um exemplo diferente para ilustrar o mesmo ponto. Certa vez, em uma reunião do Conselho Popular de Saúde em um grande hospital público de São Paulo, alguns conselheiros levantaram uma questão que me pareceu prosaica, a princípio: "Por que não havia torneiras no banheiro do pronto-socorro?". Prosaica, talvez, diante das discussões sobre alocação estratégica de recursos que estavam ocorrendo até ali, mas justa. Finda a reunião, fui até a direção do hospital e perguntei. Descobri que, na verdade, as torneiras já tinham sido instaladas quatro vezes nos últimos três meses, mas eram sempre roubadas. Como os óculos de bronze do coitado do Drummond. Aliás, isso me lembra de quando eu era criança, a enorme festa de inauguração do Parque Ecológico do Tietê, e sua lagoa de patos que mal durou uma semana. A Zona Leste inteira comeu pato naquele dia.

Enfim, voltando ao tema da saúde. Meu ponto é: saúde de graça é um mito. Por que? A resposta curta: Porque saúde custa caro. Não estou falando de honorários médicos, exames, remédios, que podem ser custeados pelo Estado. Mas do custo que só você pode pagar. O custo de cuidar de si, das pessoas, dos bens comuns e do meio ambiente. Saúde não é um direito, não pode ser exigido. Saúde é um bem, e deve ser conquistado. Saúde envolve comer bem, praticar esportes, ser produtivo, aprimorar-se. Envolve respirar ar puro, beber água limpa. E, também, ter boas relações, confiar em alguém, saber conversar e dar risadas. Ninguém fica saudável sentado, esperando que saúde lhe seja entregue porque é seu direito. Ter saúde dá trabalho.

O caso da paciente que piora ao ter sua licença revogada ilustra esse ponto. Não é ela quem não quer trabalhar. É preciso entender o que esse caso diz sobre nossa sociedade. Um país mínguo de oportunidades, com economia estagnada, com desemprego subindo, com educação de péssima qualidade, é um país que estimula a doença, não a saúde. Vale mais a pena ser doente, e ser cuidado, do que ser saudável e cuidar. Pode triplicar o orçamento da saúde, não vai adiantar. Não é de mais médicos, nem de mais hospitais, que essa paciente precisa. Mas das condições para ter uma vida digna, que lhe pareça mais atraente que a doença.

Da mesma forma, o caso das torneiras ilustra esse ponto. Quando algo é oferecido de graça, é natural que a demanda se torne infinita. Sejam torneiras, óculos de bronze, patos, ou serviços de saúde; se basta estender a mão e pegar, porque não? O brasileiro tem uma forte noção de direito, sem uma correspondente noção de dever. Pode triplicar o orçamento da saúde, enquanto as pessoas continuarem achando que elas têm o direito de ter saúde, sem o dever de contribuir para isso, não vai adiantar.

Saúde pública funciona bem em alguns, poucos, países. São países em que as pessoas têm uma vivência de comunidade e responsabilidade. Têm saneamento básico, boas escolas, trabalhos decentes com bons salários. Parafraseando o famoso discurso de Kennedy, são países em que as pessoas primeiro se perguntam o que elas devem fazer para contribuir, antes de se perguntarem o que elas têm direito de exigir.

Em uma democracia, o Estado não pode ser mais virtuoso que o povo, já que é o último quem constitui o primeiro. O Brasil precisaria investir menos em saúde se investisse em educação, civismo e autonomia. O Brasil precisa de um povo ativo, produtivo e responsável, e não de um povo doente elegendo políticos para construir hospitais. Pode por isso na cabeça: saúde custa caro. E não para o Estado. Para você.