quarta-feira, 8 de abril de 2020

Repensando a Covid-19.



Posso estar certo ou errado e claro, todos podem concordar ou não comigo. Mas tendo 22 anos de medicina, são questionamentos que faço estudando sobre a doença em páginas de referência. As respostas corretas, só o futuro me mostrará.

- Não vejo a Covid-19 uma doença pior e mais letal que outras doenças infeccciosas respiratórias. Sim, vão me dizer que o vírus é altamente contagioso e espalha a doença com facilidade. Assim também acontece com o vírus Influenza e ninguém faz essa sorologia absurda nem tranca ninguém em casa, apesar de milhares de mortes todos os anos. Afinal, é comum morrer das complicações das gripes e pneumonias.

- Mas e a Itália e Espanha? Sabemos das características do pico da doença no clima de inverno que passam, da alta densidade demográfica, população com alto índice de pacientes idosos com co-morbidades, índice alto de  tabagismo e milhares de chineses contaminados convivendo na região, principalmente os que voltaram da china para os trabalhos na Itália após o recesso do ano novo chinês.

- O baixo índice de exames laboratoriais para diagnóstico aqui no Brasil pode mostrar justamente que a doença está sendo subnotificada, ou seja, o número de casos pode ser infinitamente maior, o que mostra também que a doença tem então uma baixa letalidade. Em contrapartida, os diagnósticos de Covid-19 em atestados de óbito sem uma comprovação laboratorial da causa da morte aumentam o número de óbitos relacionados à doença. Sim, há orientações para notificar como suspeito, qualquer paciente atendido com febre, tosse e “falta de ar”. Se não estiverem graves não serão submetidos a exames, mas se morrerem terão no atestado de óbito a causa da morte como Covid-19.

- O pico de incidência de casos no Brasil, a tal curva que querem achatar de todo jeito, parece que é mais lenta. Isso pode ter influência de sermos um país tropical e de estarmos ainda em uma estação de temperaturas ainda altas, o que dificulta a proliferação viral.

- Ainda temos regiões e cidades, como a própria Diamantina, com zero casos comprovados. Daí vem o questionamento sobre o confinamento com isolamento horizontal. Os problemas econômicos e sociais precisam sim serem discutidos, bem como o vírus precisa também circular para criar a barreira imunológica e proteger a população.

- Até quando vamos nos manter isolados?

- Quando saírmos do isolamento daqui a duas semanas ou daqui a seis meses, o que vai acontecer?

– Vamos tentar manter a tal curva achatada enquanto achatamos também a vida social, psicológica e financeira?

- E se daqui uns 3 ou 4 meses o pico de doentes aumentar muito e já estiver faltando recursos financeiros para o sistema de saúde? O governador de MG já declarou hoje que não tem nenhuma previsão para o pagamento do funcionalismo.  

- E se o atraso do pico da curva trouxer um número alto de casos junto do pico das doenças respiratórias quando estivermos no inverno? 

- Algumas particularidades da doença ainda estão sendo descritas e estudadas como tromboembolismo em órgãos nobres, indicação ou não de anticoagulantes, etc.

- Diversas drogas antivirais e até mesmo os antiparasitários Ivermectina e Nitazoxanida estão em estudos, mas parece mesmo que o grande trunfo do tratamento está na combinação da Hidroxicloroquina, Azitromicina e Zinco. Estes sendo iniciados já em fase precoce da doença e por curto período de uso, em torno de 5 dias. Por que então o MS ainda insiste em não contribuir para um estudo nesse sentido e atrasar o início do tratamento, o que pode ceifar vidas?

- Por que diante de uma grave doença, um renomado infectologista do país que se mostra toda hora diante da TV, não declara como foi o seu tratamento, tendo a idade como fator de risco e uma recuperação tão rápida?

- Por que o presidente do Brasil, tendo 22 pessoas da sua equipe de viagem diagnosticados com Covid-19 não expõe o resultado do seu exame para comprovar que realmente não foi infectado?

- Por que parlamentares lutam para preservarem mais de 2 bilhões de reais para uma campanha eleitoral com o país precisando de verba numa situação de emergência como estamos vivendo?

Enfim, são incógnitas que teremos respostas somente daqui um tempo. Tempo este que pode mostrar erros e acertos, mas que não penso mais que é com todo mundo confinado em casa, pelo menos neste momento de outono no Brasil, que teremos a resposta.

E sobre ter tempo para preparar o sistema de saúde para receber os pacientes, não me convence. O sistema nunca esteve mesmo preparado. E os aparatos que vemos serão todos desmontados assim que considerarem que a crise passou. 

É que penso no momento.

OBSERVAÇÕES: 
- OS MEDICAMENTOS CITADOS DEVEM SER PRESCRITOS POR MÉDICOS. O USO PREVENTIVO DOS MEDICAMENTOS NÃO IMPEDE QUE O PACIENTE SEJA INFECTADO. NÃO VÃ ENTÃO COMPRAR MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA POR CONTA PRÓPRIA. 
- TODO MÉDICO É RESPONSÁVEL POR SEU PACIENTE E LIVRE PARA PRESCREVER O TRATAMENTO QUE ACHA MAIS ADEQUADO, CLARO, BASEADO EM COMPROVAÇÕES CIENTÍFICAS. 

Assinado: Rodrigo Cavalcanti Gonçalves. CRM/MG: 32621 / SBP: 124256

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