Mais uma matéria, reforçando a importância da imagem, na divulgação de marcas. Desta vez, o destaque do trabalho, é o meu primo Fábio, que é uma referência neste tipo de serviço.
Cervejeiros artesanais apostam no rótulo para conquistar amantes da bebida.
Com 25 fábricas, Minas Gerais produz 800 mil litros por mês
Criativas, coloridas ou não, ousadas ou tradicionais, mas com garras afiadas para fisgar o mercado. Sem condições financeiras de competir de igual para igual com as marcas de cervejas industriais nacionais, os cervejeiros artesanais mineiros, geralmente pequenos empresários, têm conquistado consumidores investindo além do sabor especial da bebida: nos rótulos. Engraçado, bonito e atraente, o lado de fora da garrafa é, segundo os produtores, obra de arte e, como tal, tão importante quanto o que está dentro dela. Se para quem compra é divertido, para quem produz a coisa é séria. Tanto é que já há designer se especializando no ramo cervejeiro. O valor de cada criação varia entre R$ 1 mil e cerca de R$ 10 mil. O retorno, segundo os empresários, é a conquista do bom apreciador da cerveja antes mesmo do primeiro gole.
Com o mercado artesanal da bebida cada vez mais consolidado em Minas Gerais, onde há 25 fábricas e 55 dos 120 estilos produzidos no mundo, sendo o segundo produtor de cerveja artesanal no Brasil. “Perdemos apenas para o Paraná, onde são 1 milhão de litros produzidos por mês. Em Minas, são 800 mil litros mensais”, comenta Humberto Ribeiro Mendes Neto, proprietário da cerveja Jambreiro, da Cervejaria Inconfidentes. Humberto, que já foi presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais, lamenta que a produção brasileira seja tão tímida em relação à industrial. “Os 800 mil litros produzidos aqui por mês artesanalmente são feitos por uma única fábrica da Ambev em apenas oito horas”, compara. Os números dão uma dimensão do quanto o segmento ainda está caminhando e escancaram a necessidade da competição mais alternativa. “O nosso setor representa 0,2% do mercado”, diz Humberto.
Por estas e outras que os rótulos passaram a ter tanta importância para os cervejeiros artesanais, já que é uma forma de atrair o olhar do consumidor. Há quatro anos, o designer gráfico Fábio Guimarães fez o seu primeiro trabalho no ramo das cervejas. “As bebidas importadas que chegavam ao Brasil em 2010, sobretudo as americanas, vinham com uma proposta diferente. O cervejeiro percebeu que precisava inovar. Eu procurei clientes, e o primeiro deles foi do Sul do Brasil”, recorda. Na época, Fábio fazia criação para várias áreas, até que, este ano, ele diz ter 80% do seu serviço voltado para o ramo da cerveja artesanal, com clientes em Minas, Sul do país, São Paulo e Mato Grosso. “O mercado está crescendo muito. Brinco que, se alguém me ligar dizendo ser o Bill Gates e querendo o meu serviço, só pego se for para cerveja”, diverte-se.
Conhecido em BH e um dos poucos designers especializados na área, Fábio diz que muitos empresários contratam agências para fazer os rótulos, o que pode ter um custo mais alto. “Se observarmos cervejas populares, a apresentação delas é semelhante entre si. Geralmente, contam com um ramo de malte, têm o nome grande, cores vermelho ou amarelo. A cerveja artesanal por vir com uma proposta diferente, os rótulos têm que ser mais elaborados e depende do conceito que a marca quer passar. Há cervejarias que buscam uma imagem mais tradicional, outras querem algo mais informal, irreverente. Tudo vai depender do público que se quer atingir, porque a clientela, nesse caso, é específica. Não se encontra uma bebida dessa em qualquer bar”, diz.
PRODUÇÃO Por ano, geralmente, são produzidos pelas cervejarias até cinco rótulos novos, segundo estimam os cervejeiros. É aí que a conta pode apertar para o produtor. Além do valor pago a empresa ou freelancer pela criação da imagem, o produtor tem que pagar pela impressão. Segundo Fábio Guimarães, o valor na gráfica vai depender do papel usado, mas, geralmente, fica em torno de R$ 500 a R$ 800. O grande problema é que, em se tratando de uma bebida artesanal, os rótulos estão em constante mudança, seja pelos novos ingredientes usados na composição, seja para atrair novos consumidores.
Bruno Lins, idealizador da feira mensal de cervejas artesanais Experimente, lembra ainda que BH produz 55 estilos de cervejas artesanais, de um total de 120 no mundo. “Por esse motivo, o cervejeiro está sempre testando. E novos rótulos têm que ser criados”, comenta. Como consumidor, ele diz que, às vezes, leva para casa aquelas com apresentações atraentes, mesmo que nunca tenha ouvido falar da marca.
Mesmo com o sucesso que começa a despontar, Humberto Ribeiro Mendes Neto, da Cervejaria Jambreiro, destaca que as produções são pequenas e os rótulos, variados. “Não dá para mandarmos fazer 50 mil rótulos se há sempre uma renovação. Cada rotulagem (contrarótulo, gravatinha e frontal) sai ao produtor, na gráfica, por cerca de R$ 0,50”, conta, dizendo que, a Jambreiro, por exemplo, não tem contrarótulo e o valor sai a R$ 0,35 cada, na compra de mil. “Antes, as gráficas exigiam de nós uma maior quantidade. Agora, algumas estão se adaptando à nossa realidade”, diz.
SERVIÇO
“Experimente – Feira de
Cervejas Artesanais”
A feira mensal acontece na Praça dos Quatro Elementos, no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima.
Próximas edições serão marcadas e divulgadas no www.facebook.com/experimente.
Entrada gratuita.
Sócio-diretor do OZ Estratégia Mais Designer e diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Design, Giovanni Vanncchi diz que, mesmo com os valores, qualquer empresa tem que investir na boa apresentação. “Pela briga das cervejas artesanais no mercado, o patamar não pode ser o mesmo. Tanto é que a diferenciação começa já no nome, os rótulos, alguns têm até uma linguagem mais vintage, têm humor e vão por um caminho de diferenciação das grandes marcas e uma maior proximidade com o público”, observa.
Para ele, não há como sobreviver nesse mercado sem um designer profissional. “Cerca de 70% dos produtos que estão nos supermercados não têm nenhuma outra comunicação a não ser a embalagem. Poucas cervejas artesanais têm uma campanha publicitária, então, a embalagem vai ser o seu único ponto de contato com o consumidor.”
Na Cervejaria Küd, por exemplo, segundo conta um dos sócios, Bruno Parreiras, há o conceito de cerveja e rock and roll. Além das setes bebidas de linha, a empresa fabrica duas sazonais, uma de páscoa, que tem sabor de chocolate amargo, e outra de halloween, que leva abóbora na sua composição. Os rótulos delas fazem alusão a bandas famosas de rock, como Nirvana e AC/DC. “Começamos nossa produção em 2008, mas somente no ano passado começamos a fabricar a cerveja em garrafa. Contratamos o designer Fábio para fazer os rótulos, que, para nós, são fundamentais para as vendas. Acreditamos que se destaca na prateleira aquela embalagem mais elaborada e que reflita a qualidade do produto”, diz.
Para Parreiras, o objetivo é transmitir ao cliente a mesma satisfação de beber no contato visual. “O nosso consumidor tem que ser conquistado antes de beber a nossa cerveja”, afirma. Com o designer, a empresa tem uma conta mensal, na qual o profissional é solicitado para atualizar ou inovar nos rótulos. “Estamos em constante evolução”, diz. (LE)
Quanto custa
Para fazer uma apresentação básica da cerveja, com rótulo do gargalo (também conhecida como gravatinha), o contrarótulo e o rótulo frontal, o designer freelancer cobra cerca de R$ 1 mil pela criação. Porém, com uma agência, esse valor pode ser bem mais alto. Segundo conta o sócio da cervejaria Vinil, do Grupo Inconfidentes, Ricardo Marques, a marca tem quatro rótulos desenvolvidos por duas agências de publicidade diferentes. “Quando fomos desenvolver essa imagem da garrafa, a primeira empresa que procuramos queria nos cobrar R$ 9,5 mil somente pela criação. Ficamos com uma que nos cobrou R$ 4,5 mil”, revela.
Fonte: Estado de Minas. Edição de hoje, 15/12/2014
Fonte: Estado de Minas. Edição de hoje, 15/12/2014
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