quinta-feira, 20 de maio de 2010

Foda-se (por Millor Fernandes)

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional
à quantidade de
foda-se! que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do
foda-se!?
O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta.

- “Não quer sair comigo? Então
foda-se!

- “Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!”.

O direito ao
foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário
de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos
sentimentos.

É o povo fazendo sua língua! Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar
que vingará plenamente um dia.

Prá caralho , por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia
de muita quantidade do que
Prá caralho?
Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
- “A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho,
o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho,
entende?

No gênero do
Prá caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação,
está o famoso
Nem fodendo! .

O Não, não e não! é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade;
Não, absolutamente não! o substituem.
O
Nem fodendo! é irretorquível, e liquida o assunto.
Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades
de maior interesse em sua vida.

Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral?
Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo:
- ”Marquinhos presta atenção, filho querido,
NEM FODENDO!”.

O impertinente se manca na hora!

Por sua vez, o
porra nenhuma! atendeu tão plenamente às situações
onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também
o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível
imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional:

-”Ele redigiu aquele relatório sozinho
porra nenhuma!”.

O
porra nenhuma!, como vocês podem ver, nos provê sensações
de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo
a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, gepone

e mais recentemente , o prepone - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos.

Pense na sonoridade de um
Puta-que-pariu! , ou seu correlato
Puta-que-o-pariu! , falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...

Diante de uma notícia irritante qualquer
puta-que-o-pariu!
dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm
o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude
que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores
dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso
vai tomar no cu!?
E sua maravilhosa e reforçadora derivação
vai tomar no olho do seu cu!.

Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus, quando,
passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:

- “Chega!
Vai tomar no olho do seu cu!”.

Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme,
cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão
de maior poder de definição do Português Vulgar:
Fodeu!.
E sua derivação mais avassaladora ainda:
Fodeu de vez!.

Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação
que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor
em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa.
Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro
e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você,
mandando você parar: o que você fala?
-Fodeu de vez! ”.

Liberdade, igualdade, fraternidade e...foda-se!!!

enviado por Geisa Bonnie

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