terça-feira, 27 de abril de 2010

Visão e condução veicular. O "trauma" de usar óculos.


A visão é um fator decisivo na direção veicular. A atenção visual alia a capacidade da visão noturna, visão de cores e luz do dia, visão periférica e visão central em boas condições. Por este motivo, o condutor deve estar avaliando sua visão periodicamente, a fim de prevenir doenças e ser orientado por oftalmologista, mantendo em bom estado as condições oculares.

Um fator que me intriga no dia a dia de trabalho na clínica Habilitação, é o enorme “trauma” de alguns condutores em relação a necessidade de conduzirem seus veículos usando lentes corretivas, sejam elas de contato ou óculos.
Hoje, como quase todos os dias, mais um condutor ficou insatisfeito e saiu reclamando, mesmo eu provando a ele que sua visão não está dentro dos padrões exigidos pelo CONTRAN para dirigir sem correção visual, ou seja, sem óculos ou lentes.
Faz parte da cultura brasileira querer burlar normas e leis. Querer levar vantagem e tudo. Aceleramos no sinal amarelo “pra aproveitar”. Entregamos serviços bancários a pessoas a frente na fila,sem respeitar que está lá atrás. Almoçamos e pedimos notas fiscais com valores inúmeras vezes acima do gasto real, para sermos ressarcidos pelas empresas e por aí vai.
No exame para renovação ou primeira habilitação, não é muito diferente. Sempre querem um jeitinho, para facilitar as coisas.
Na verdade, esta perícia médica é realmente simples. Nós médicos peritos no exame de habilitação, devemos responder ao DETRAN quesitos simples, como:
- Necessidade do candidato ou condutor adaptar o veículo por possuir alguma deficiência física.
Exemplo: uma pessoa que só possui o braço esquerdo. Pode dirigir ? Sim, pode! Mas desde que o veículo possua direção hidráulica, manopla no volante e câmbio automático. Mesmo que acostumado e se mostrando capaz, é inadmissível que um condutor largue o volante para trocar as marchas.
- Se o condutor apresenta alguma doença que limite ou o torne incapaz para conduzir.
Exemplo: uma condutor portador de epilepsia, necessita cumprir alguns quesitos para que seja habilitado. Já imaginaram uma convulsão a 100km/h numa estrada ou simplesmente descendo a Rua da Glória, cheia de estudantes circulando?
Entre outros quesitos, como avaliação de possível abuso de álcool ou drogas, doenças mentais, etc., a acuidade visual também faz parte da avaliação médica para a direção veicular.
E a visão, sem dúvida alguma, é o sentido mais importante para uma direção veicular segura.
Não são raros os casos de acidentes com declarações como: “não vi ele vindo”; “achei que tava longe e dava tempo.” “apensei que ele estivesse mais devagar.”
E as pessoas, mesmo com comprovada necessidade de correção visual, geralmente não ficam satisfeitas de constar na carteira de habilitação a obrigatoriedade de conduzirem com óculos ou lentes corretivas.
As desculpas que escuto são as mais diversas. “Trabalho com solda“. “Trabalho a noite toda“. “Não dormi bem“. “Minha vista só fica 100% no fim da manhã“. “Fico o dia todo no computador.” E até “sou amigo do seu pai” eu tenho que escutar. Sem comentários...
Claro, há os distúrbios visuais que só necessitam de correção da visão para perto, mas estes, se mostram aptos ao exame, que testa a visão a distância, pois é o que interessa na direção veicular.
Portanto, pensem na necessidade de uma direção mais segura e de reduzirmos o número de acidentes.
Se você tem necessidade, qual o trauma de dirigir com óculos ou lentes?

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