terça-feira, 28 de julho de 2009

Meus transtornos e minhas decisões sobre a Pediatria.

Ando pensando muito na possibilidade de retornar as minhas atividades pediátricas.
Com toda sinceridade, apesar de ter que tolerar algumas pessoas extremamente chatas e mal educadas, a verdade que sai da boca e da imagem das crianças antes, durante e após um tratamento é infinitamente compensadora.
Daí penso, como sempre, da várias formas na mesma hora.
Na verdade meus pensamentos duram muito menos que meia hora. Acho que só alguns segundos já bastam pra mudar.
Ao mesmo tempo que estou super animado, já fico totalmente desmotivado. Pra quem entende do que é ser bipolar, acho que sou mesmo tri, tetra ou pentapolar, sei lá. Mas tenho muitos motivos pra não entusiasmar demais com o retorno da pediatria. E um deles é justamente o sacrifício da vida profissional. O aborto real as minhas decisões da hora de comer, dormir, passear e viajar. Tudo fica por conta do bem estar das crianças e das chamadas dos pais. E algumas pequenas coisinhas e explorações, comuns em nossa cidade, não em outras onde trabalhei, também me chateiam muito.
Alguns exemplos:
“- não é uma consulta, quero só uma olhadinha”.
“- comecei estes remédios que o balconista me passou, quero só saber se devo continuar.”
“- meu vizinho disse que este remédio mata, então parei de dar ao meu filho.”
“- marquei pro João, mas você dá uma olhadinha no Pedrinho também????.”
“- dá pra anotar? Esqueci a carteira”.
Esta pra mim é de matar. Não que eu seja mercenário. Já cansei de fazer consultas a trinta reais , vinte reais e inúmeras de graça. Era porque o colega médico não tinha ido ao posto de saúde, ou porque o plantão estava demorando atender e por aí haviam mil motivos pra eu embolar tudo, deixar de cumprir os horários e ainda ter que agüentar reclamação de muitos pais e mães sem educação, como se eu estivesse “atoa” (existe esta palavra?) dentro do consultório. Não foi uma nem duas vezes que deixei de passear e viajar pra ficar cuidando de crianças e não receber a maldita remuneração devida. E ainda escutava: “medicina é sacerdócio!”. É sim. Vai explicar isso pra CEMIG, TELEMAR, BV-Financeira, pros donos de supermercado e pro mundo todo.
Nunca ganhei um descontinho na cidade. Aliás, em Diamantina pra “Doutor”, tudo é mais caro. Jamais paguei menos em qualquer buteco, mas tinha que dar desconto pra todos os donos... Pqp!! Já pirei de novo.
Queria apenas ter paz e receber devidamente pelo meu serviço. Não precisa nem ser muito, mas quando lembro de quantas madrugadas acordei e saí na chuva. Até hoje espero os fulanos passarem pra acertar a conta comigo. Sempre os vejo em festas e nos botecos, mas eu??????? ... Deixa pra lá. O incrível é que lembro de cada um. E não são poucos, podem acreditar. Minhas secretárias já esgotaram um caderno com os nomes.
Bom enquanto decido mais essa vou lendo outras coisas e se não reabrir o meu consultório, coloquem a culpa no Sr Mário Quintana, afinal ele escreveu isso aqui:

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará. (Mário Quintana).

Obrigado, viu, Mário.
Te devo mais esta. Anota aí!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! kakakakakakakakakakakakaka

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